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Em agosto de 2001, foi lan�ado o document�rio "Um Novo olhar para o futuro", da autoria de Marcos Bernstein, contando com depoimentos de familiares, amigos, professores, pol�ticos, jornalistas e jornalistas.

A Rede Globo, que foi criada em 1996, era composta por seis emissoras pr�prias, cada uma composta por uma diretora, n�cleo de jornalismo e dois t�cnicos.

Seus est�dios se localizavam na rua Bar�o do Rio Branco, no centro da capital, onde ficava a Cinel�ndia

(que pertencia a uma sociedade do empres�rio Alberto Fernando Bessa) e a Cinel�ndia 2, da Cinel�ndia Produ��es Ficadora (que pertencia a uma produtora de televis�o da rede carioca TV a cabo).

Apesar de seu portentoso, era considerada um est�dio de shows e era uma das maiores do Brasil.

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10/12/2023 04h31 Atualizado 10/12/2023

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H� dois meses, a italiana Francesca Albanese, de 46 anos, tem denunciado enfaticamente o risco de o povo palestino estar sofrendo genoc�dio, enquanto classifica de �limpeza �tnica� as a��es de Israel na Faixa de Gaza. Para a relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territ�rios Palestinos Ocupados, o objetivo de Tel Aviv � deixar a popula��o do enclave sem terra para que se tornem �novamente refugiados no Egito�.

Plano de Israel contra t�neis do Hamas levar� meses e causar� destrui��o urbana irrevers�velGuga Chacra: Gaza destru�da de norte a sul

Em entrevista ao GLOBO, Albanese, a primeira mulher a ocupar a relatoria especial das Na��es Unidas desde que ela foi criada, em 1993, destacou os �absurdos� cometidos por Israel, mas tamb�m classificou de �violento e terr�vel� o ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos em territ�rio israelense. Advogada especialista em direito internacional, ela n�o se furtou de criticar nem mesmo o papel da ONU na resolu��o do conflito, que classificou como um �fracasso �pico�.

Por tr�s vezes, a senhora denunciou em relat�rios da ONU que �o povo palestino corria grave risco de sofrer um genoc�dio�. O risco permanece?

De acordo com a conven��o sobre genoc�dio, n�o � necess�rio provar 100% que houve um genoc�dio para que os Estados membros sejam obrigados a intervir. Basta provar o risco de inten��o de matar ou infligir danos psicol�gicos e f�sicos graves aos membros de um grupo ou de criar condi��es que tornem a vida desse grupo imposs�vel. Por outro lado, para provar que o genoc�dio est� sendo cometido de fato, � preciso demonstrar que h� uma inten��o espec�fica de eliminar os membros de um grupo. N�o � suficiente dizer que crimes contra a Humanidade est�o ocorrendo porque h� ataques sistem�ticos e generalizados contra a popula��o civil em Gaza. N�o h� d�vida quanto a isso. Mas � genoc�dio? Ou seja, Israel tem um plano para destruir totalmente o povo palestino? � por isso que continuamos dizendo que h� um risco de que esteja ocorrendo um genoc�dio.

Que tipo de elementos espec�ficos voc� observou para concluir esse risco de genoc�dio do povo palestino?

Observei tr�s elementos b�sicos. O primeiro de todos foi definitivamente a matan�a, que tem sido maci�a desde os primeiros dias. Tamb�m houve o endurecimento do bloqueio, o impedimento da entrada de �gua, rem�dios, alimentos e combust�vel em Gaza por mais de um m�s. Por fim, a destrui��o da infraestrutura hospitalar, que n�o � acidental. Israel � uma pot�ncia militar forte, portanto, sabe muito bem o que est� fazendo e ao destruir a infraestrutura m�dica, sabe que isso levar� � morte. Mas � preciso observar que o genoc�dio n�o � um ato, � um processo, e come�a com a desumaniza��o do outro.

Israel justifica seus ataques a instala��es civis em Gaza dizendo que o Hamas teria centros de comando instalados em t�neis sob hospitais e mesquitas�

Bem, o Minist�rio da Defesa e as For�as Armadas de Israel tamb�m t�m instala��es em �reas civis. Isso significa que o Hamas est� certo em bombardear toda a vizinhan�a para atingir o Minist�rio da Defesa, ou um quartel-general militar? N�o. A infraestrutura civil ao redor do alvo militar ainda � uma infraestrutura civil. Esse � o primeiro aspecto. Segundo, a presen�a de t�neis subterr�neos n�o faz com que o que est� acima do solo perca seu status civil. Terceiro, toda infraestrutura civil � protegida, mas h� certas estruturas que s�o particularmente protegidas, como os hospitais.

E por que isso acontece?

Os hospitais s�o vitais em tempos de paz, mas especialmente em tempos de guerra, quando as pessoas podem ser feridas e precisam de assist�ncia m�dica. Para que um hospital perca seu status civil, ele deve ser usado para um fim militar. Se houver um agente do Hamas dentro de um hospital, o hospital n�o perde seu status civil. Ainda que o Hamas tivesse instaladocrypto online casinosede dentro do hospital, a equipe m�dica, as enfermeiras, os m�dicos, os pacientes e as pessoas que buscaram ref�gio no hospital manteriam seu status de civis, portanto, n�o podem ser alvos. Israel n�o pode simplesmente dizer que �nosso alvo era uma �nica pessoa�, um agente do Hamas, e presumir que os outros podem morrer como dano colateral. Por isso que � t�o importante o princ�pio da precau��o e da proporcionalidade, que foi completamente negligenciado.

Israel tamb�m alega que o Hamas usa a popula��o civil de Gaza como escudo humano�

Israel tem usado esse argumento h� anos, inclusive na Cisjord�nia, onde n�o h� presen�a militar do Hamas. Comiss�es de investiga��o anteriores demonstraram que essa afirma��o � falsa. Al�m disso, n�o est� provado que o Hamas esteja usando civis ou pr�dios civis como escudos. Pelo contr�rio, nas �ltimas semanas, o que vimos foi Israel usando palestinos como escudos humanos, inclusive detentos.

O ataque do Hamas em 7 de outubro deixou mais de 12 mil pessoas feridas e fez mais de 240 ref�ns�

Foi muito violento e terr�vel o que o Hamas fez, mas uma coisa � certa: o Hamas n�o come�ou a guerra. N�o estou minimizando o que o Hamas fez, de forma alguma. S� estou dizendo que n�o foi o Hamas que come�ou a guerra. Gaza j� estava sob uma puni��o coletiva desde antes de 7 de outubro,crypto online casinopopula��o j� era oprimida. Os crimes de guerra de Israel passaram despercebidos.

Israel tem dito que ir� atacar o sul de Gaza, para onde a popula��o palestina foi empurrada durante a guerra. Quais as implica��es disso?

Que agora essas pessoas n�o t�m realmente nenhum lugar para onde ir, a n�o ser o Sinai. Por que Israel n�o permite que essas pessoas voltem para o norte, para suas casas? Por que elas t�m de ser empurradas para a fronteira de Rafah? Est� muito claro que Israel est� empurrando os palestinos cada vez mais para o sul, para que eles possam se tornar refugiados no Egito novamente, o que � absurdo. A Hist�ria dos palestinos � a de um povo deslocado � for�a desde 1947. Mas o fato de isso poder acontecer em 2023, sob a vigil�ncia de todos, � chocante para mim.

A viol�ncia na Cisjord�nia ocupada tamb�m aumentou significativamente desde 7 de outubro. H� a possibilidade de uma nova frente de batalha?

N�o acho que seja uma nova frente da guerra, � a opress�o de sempre. Israel vem oprimindo o povo palestino h� 56 anos nos territ�rios ocupados e tem tentado tomar o m�ximo de terra poss�vel dos palestinos, confinando-os. Mas as pessoas que s�o confinadas, mais cedo ou mais tarde, se revoltam. O povo judeu deveria saber disso, porque foi isso que fizeram com eles no Gueto de Vars�via.

Est� ocorrendo uma limpeza �tnica dos palestinos?

Sim, desde 1947, mas com alguns momentos mais evidentes, como em 1949, 1967 e agora em 2023. Israel n�o quer os palestinos na terra e usa de meios burocr�ticos e da for�a para promover desapropria��o, deslocamento for�ado, bloqueios e ocupa��o colonial. � claro que � uma limpeza �tnica. Toda a vida dos palestinos desde o estabelecimento de Israel [como Estado] tem sido uma limpeza �tnica.

Muito se discute sobre um enfraquecimento da ONU. O que a organiza��o tem feito para dissolver o conflito � suficiente?

Definitivamente n�o. O que est� acontecendo hoje � um fracasso �pico para a ONU do ponto de vista pol�tico, humanit�rio e jur�dico, porque a ONU n�o foi capaz de pressionar Israel quanto ao uso da autodefesa. Israel tem o direito de se proteger, mas n�o tem o direito de travar uma guerra contra a popula��o [de Gaza].

O que � preciso para que os palestinos voltem a ter um n�vel de normalidade em seu territ�rio?

� necess�rio um cessar-fogo imediato com presen�a internacional independente, de modo que permita a liberta��o dos ref�ns e ajude israelenses e palestinos a sair dessa situa��o. N�o pode ser uma iniciativa liderada pelos EUA [aliado de Israel]. A liberta��o dos prisioneiros palestinos detidos arbitrariamente e dos ref�ns israelenses tamb�m deveria ser compuls�ria, sem condicionantes. Por fim, � necess�ria a desmilitariza��o do territ�rio palestino ocupado, o que significa que a capacidade do Hamas deve ser neutralizada e n�o pode haver autoridade israelense sobre os palestinos.

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